domingo, 10 de abril de 2011

Capitão Caserna


Estes dias estava fazendo a minha tímida corrida na pista do Ramiro Souto, na Redenção, em Porto Alegre, quando me deparei com os professores de Educação Física conduzindo suas aulas para alunos do Colégio Militar de Porto Alegre. Um detalhe me chamou atenção. Os alunos são chamados de Portela, Pereira, Ferreira, Souza etc (sobrenomes fictícios).
Na ótica da caserna, o sobrenome é que tem que ser valorizado. O militar é Karl Marx ou Nietzche? O sobrenome é que se sobressai no coletivo, prezar o nome do pai na luta pela Mãe Pátria. Na ótica da individuação, o exemplo militar estaria errado, pois o nome é o que importa, a essência de cada ser, não a carga genética que ele carrega, mas isto é papo para outro dia.
Coube a mim constatar que as pessoas têm nomes e devem ser tratadas por ele e não pelos sobrenomes. Um dia, algo vai mudar dentro dos quartéis, já está mudando por sinal, quando os militares partem em missões de paz ou são chamados para garantir a mínima segurança em locais nos quais a insegurança reina.

terça-feira, 8 de março de 2011

Velho Mundo inchado


A Europa é o destino da maioria dos refugiados de guerras civis e militares da África e da Ásia e também dos cidadãos destes mesmos continentes e dos latino-americanos em busca de salários em euros, apesar de serem em sub-empregos.
O Velho Mundo inchou. Ainda ontem, vi uma notícia de que mais de 6 mil líbios já chegaram à Itália, boa parte deles chegados à ilha de Lampedusa por meio de barcos, a embarcação preferida dos cubanos que chegam à Flórida. Atualmente, os cubanos têm deixados menos à ilha de Fidel, pois uma pequena abertura política está se verificando no regime cubano.
Como diz a música "Immigrant Song", do Led Zeppelin: "On we sweep / Wish treshing oar / Our only goal / will be the westernshore", algo como "Avante nós vamos / Com remos surrando / Nosso único objetivo / Será a costa oeste". Substituindo a costa oeste pela costa sul, os remos e motores estão sendo surrados. Estive em alguns lugares da Europa. A imigração interna do Mercado Comum Europeu é a que mais assusta. Romenos e búlgaros na França já foram objeto de lei de deportação por parte do presidente Nicolas Sarkozy. Em Sofia, os cidadãos búlgaros não querem os seus ciganos de volta. Em Paris, na Nôtre Dame ou Saint Chapelle, os romenos chegam junto mesmo com dizeres em um pedaço de papelão em inglês: pedindo ajuda, esmola mesmo. A situação é difícil.
Os países escandinavos que até o início deste século aceitavam todo e qualquer refugiado já mudaram o jogo. Estive na Finlândia em 2002 e lá a maior parte dos refugiados era vietnamita ou albanês. A Dinamarca já fechou suas portas. Portugal sofre com o inchaço a partir de filhos das suas colônias. Angolanos e moçambicanos lotam as Praças da Figueira e do Rossio, fazendo pequenos negócios, entre os quais o cãmbio de moeda é o principal. Na Espanha, os imigrantes africanos trabalham com produtos piratas. O filme "Biutiful", de Alejandro González Iñirratu, com Javier Bardem, mostra bem esta realidade em Barcelona, mas em Madri a presença destes grupos é enorme. Isto que não falei de Londres, onde os imigrantes são os tradicionais indianos e paquistaneses, mas todos os povos acorrem à grande metrópole da Europa.
Pois bem, o que fazer para conter este inchaço. As leis anti-imigração são cada vez mais abrangentes, mas não há como controlar. A sensação que se tem na Europa, mesmo quando se é turista é que se está em um barril de pólvora, no qual qualquer movimento vai detonar uma bomba ou manifestações hostis, enfrentamentos da população com o aparelho repressor do Estado. Esta é uma constatação que todos têm na Europa. Alguns fazem vistas grossas, outros se preocupam, mas nada podem fazer. O que eu posso fazer, nada também. Talvez, no futuro, escrever algo ou desenvolver uma tese em um mestrado ou doutorado em Comunicação ou outra ciência humana sobre o tema. Assim vivemos, administrando os barris de pólvora em mundos inchados, superpopulosos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

#novopostsobretrendingtopics


Uma pequena análise nos Trending Topics Brazil (por que esta grafia colonizada?) dá para ver que as pessoas não têm mais o que fazer da vida e que a criatividade no twitter está com os dias contados. O meu questionamento é sempre, se os TTs representam a tendência do pensamento na internet ou é só uma manipulação quantitativa dos tuiteiros, que têm tempo de colocar milhares de hashtags e deixar o seu tema preferido no topo?

Na manhã desta segunda-feira, os TTs são #penaltiprocam, sobre pênaltis considerados injustos que estão sendo marcados para o Atlético Mineiro e que alimentam a rivalidade Atlético-Cruzeiro em Minas Gerais e na rede social. Já o segundo TT é #abaixodecreto, trata do movimento contra a fixação do salário mínimo por decreto, mas novamente apela à polarização e atende aos interesses partidários e ao anti-petismo, mas pelo menos tem um pouco mais de consciência política (se bem que a metade dos tweets, com hashtags, são apenas para somar, sem qualquer mensagem verdadeira).

Outros Trending Topics mais politizados são #Líbia e #Bahrein, com os tuiteiros confiando no poder de mobilização pela internet que no Egito acabou atendendo os interesses da manipulação estadunidense do mundo, mas pelo menos ajudou a derrubar um ditador. Já #ThomYorke é um interessante TT pois os generosos Radioheads acabaram deixando vazar na internet os singles do álbum novo King of Limbs. O single #Lotus Flower também é trending provando que melancólica e pré-suicida banda ainda mexe com o público a cada novidade lançada. Eu, particularmente, gosto de Yorke e seus Radioheads.

Outro TT musical é Goodbye Lullaby que faz referência ao novo álbum da cantora pop e teen Avril Lavigne, que será lançado em março e já tem single na rede. Ela não é lá de se jogar fora em termos musicais. Outro TT de fãs é sobre o monstro pop chamado Lady Gaga: #QueenGaga. Sem comentários, mas a Lady Gaga é uma personalidade interessante. Ontem no Manhattan Connection foram feitas algumas referências de que ela se esforça para ser mais completa do que a Madonna, pois tem formação em música clássica, cênica e o escambau, coisa que a Madonna tem empiricamente.

Outros TTs poderiam ser comentados como o singelo #almoco, que convida ou comenta sobre o melhor momento da metade do dia. Outro dos 10 Top Ten dos TTs é #HappyBDayGioB, do qual eu não faço a menor ideia (#desculpemminhaignorancia), mas que tem mensagens pessoais e coisas íntimas que só o twitter poderia admitir, que seriam barrados em sites de relacionamento, namoros ou fóruns de discussão. Enfim, o twitter é um meio importante de informação e meio bobo, pois ele depende de quem tuita, mas eu sigo seguindo pessoas, jornais, revistas etc e muitos acabam me seguindo. #atéopróximopost

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O queco?


Me deparo com notícias em sites respeitados e acompanhados por todos como Folha.com, G1 e Terra e me deparo com notícias do tipo "Gisele Bündchen tomou quatro caipirinhas de saquê", "Por causa do filho, Sinéad O´Connor quebra XBox (videogame) e diz que quer morrer" ou "Após SPFW (São Paulo Fashion Week), Demi e Kutcher visitam Huck e Angélica em Angra".
Tá bom e daí. What a fuck? eu me pergunto ou o popular O "queco" tenho a ver com isso? O advento dos sites de informação com notícias minuto a minuto trouxe também os seus subprodutos que não as notícias de celebridades. É muito comum nos sites com base no Rio de Janeiro ou com correspondentes na capital carioca vermos notícias tal qual "Juliana Paes ficou duas horas ao sol na praia X" ou "Deborah Secco se revoltou com um fotógrafo por ter flagrado ela amarrando o biquíni.
Não tiro os méritos destas pessoas serem celebridades, até porque estas - Juliana e Deborah - pelo menos trabalharam para chegar lá, mas aí temos os BBBs ou assemelhados que recebem tanto espaço, mas simplesmente não existem ou só existem porque se expuseram a ser vigiados dia e noite exatamente em busca da fama, mas não têm o conteúdo necessário para tanto.
A pergunta que faço é onde estão os destaques nestes sites para as notícias de erradicação da alfabetização, da criação de pontos de cultura ou salas de cinema populares em cidades pequenas ou distantes. Onde está o incentivo a produção do bom teatro, cinema, da boa literatura, música e artes plásticas. O reconhecimento dos talentos genuínos que penam muitas vezes para gravar um disco; apresentar um espetáculo com magros incentivos da cidade, estado ou federais, para ter uma sala de exposição ou para obter R$ 5 mil e publicar um livro com um número mínimo de exemplares.
Enquanto todos os holofotes se direcionam para a ausência de cultura, para o Ashton Kutcher (e Demi Moore) ficar um minuto na passarela do SPFW (siglazinha capciosa) ou para Gisele beber à vontade (se bem que a Gisele é um pouco mais digna, pois luta muito contra esta superexposição) ou ainda a Sinéad O´Connor que é diagnosticada bipolar e aí as editorias poderiam novamente tratar o tema que atinge oficialmente cerca de 10% da população, mas se sabe que os não diagnosticados, mas que convivem diariamente com a gente podem chegar a 20% da população mundial.
Bom, mas o que isto interessa para a grante maioria da população que só quer saber de BBB: Bebida, Bunda e Bajulação (aos famosos). Então, se a audiência regula os sites e as tevês, e também ultimamente os jornais e rádios, acho meio difícil que se mude alguma coisa, a não ser que se dê um pouco de educação às pessoas, mas isto é outra história.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O amor é a cura



Crédito foto: Fox Film / Regency Enterprises

Em um mundo onde a medicina evoluiu muito, prometendo e cumprindo a cura para quase todos os males, e onde os grandes laboratórios farmacêuticos dominam e monopolizam as atenções quando o assunto é saúde, eis que surge um filme que discute este contexto nos Estados Unidos, o berço das grandes fármacos, mas que dá um viés amoroso a tudo isto. Graças ao diretor Edward Zwick, de Um Ato de Liberdade e Diamante de Sangue, um filme se antepõe como uma comédia romântica, um pouco dramático, sobre o mundo farmacêutico, da medicina e de algumas doenças ainda sem cura, como o Mal de Parkinson.
O filme é Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs), que traz uma excelente performance dos protagonistas Anne Hathaway (Maggie Murdock) e Jake Gyllenhaal (Jamie Randall), auxiliados por um elenco de apoio, aqueles coadjuvantes que todo mundo quer: Hank Azaria, Oliver Platt, Josh Gad, George Segal e Judy Greer. Baseado no livro “Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman” (algo como “Dura Venda: a Evolução de um Vendedor de Viagra), de Jamie Reidy, o filme de Zwick consegue fazer o que o de David Fincher, A Rede Social, não conseguiu, adaptar um livro sem fidelidade demais, pois as subtramas passam a ser mais interessantes do que a própria história do vendedor de Viagra.
A história se inicia com a tradicional apresentação do personagem principal, um conquistador incorrigível transando com a mulher do gerente das lojas de eletroeletrônicos. Depois, pula para a família onde se descobre que Jamie não seguiu a medicina, frustando a expectativa dos pais. Bom, história banal, clichê dos clichês. Mas aí que entra o roteiro de Charles Randolph, Marshal e a mão firme de Zwick para ditar o romance e azeitar a história.
Jamie tem a oportunidade de estagiar na Pfizer que até aquela época não figurava na lista das principais empresas, pois ainda não havia sido desenvolvido o seu melhor produto. O primeiro desafio do protagonista é conquistas secretárias e médicos para deixar amostras do seu produto, Zoloft, que tenciona concorrer com o medicamento da época: o Prozac. O seu tutor neste processo é o sempre divertido Oliver Pratt como Bruce.
Ao conquistar a confiança do primeiro médico, Hank Azaria com Dr. Stan Knight, Jamie encontra Maggie Murdock no consultório de Knight.
Ela sofre de Mal de Parkinson, estágio 1, e após olhar o seio de Maggie na consulta acaba se estabelecendo uma química interessante, recheada de diálogos curtos e intensos. Aliás, a química é bastante real entre os atores, como se percebe nas cenas de intimidade e de sexo, que Zwick deixou correr sem os cortes na linha da Sessão da Tarde ou de novela das sete.
Bom, daí a história ganha pimenta, algum romantismo e seriedade no trato com as doenças, como o Mal de Parkinson, como na cena de Chicago, em que Maggie descobre como vivem, agem e reagem as pessoas que tem o mesmo problema que ela.
Um outro momento interessante é quando Jamie descobre que a Pfizer está desenvolvendo o Viagra, num momento “isto nunca me aconteceu antes” e pede a Bruce para representar o medicamento, sob a alegação de que “quem é a pessoa mais indicada para representar o produto”. Outros momentos alternam hilariedade e drama, como quando o irmão nerd de Jamie, Josh Randall (o divertido Josh Gad), vai morar com ele e acaba colocando todas as suas projeções e frustrações no irmão conquistador, pois ele não tem sucesso com as mulheres, apesar de mais rico e mais bem-sucedido.
O filme é divertido, cativante, com um bom elenco, diálogos inteligentes, mostra uma realidade do surgimento do Viagra numa era pós-antidepressivo e ainda aproveita para criticar o sistema Saúde-Medicina-Laboratórios, a partir da história de quem viveu esta realidade. Uma história que prova que acima dos medicamentos e dos médicos, parece que o amor é realmente a cura

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Globo de Prata ou Bronze, no máximo


Lá se vai o tempo em que o Globo de Ouro, o prêmio dado pela imprensa estrangeira de Hollywood, acertava em cheio nos melhores filmes e séries, dando a receita para o que seria o Oscar. Na verdade, neste 2011 relativo aos filmes de 2010 parece que a crítica continua dizendo que acertou em cheio, mas acredito que não. Primeiro, a vitória para o filme A Rede Social prova que a crítica estrangeira em Los Angeles está a serviço de algo, provavelmente da indústria, do que é moderninho, mas que não tem muito a ver com o cinema. A Rede Social é um bom filme, mas é melhor porque fala dos criadores do Facebook, um dos temas da moda. A narrativa é desgastada, tenta ser ágil e ao mesmo tempo fragmentada e esbarra em um filme de nerd para nerd, um filme datado e que jamais vai entrar para a história do cinema. Bom, mas é opinião. O musical de colégio, destinado a um público adolescente ou nem tanto, também ficou com os principais prêmios para Série - Comédia ou Musical. Vi poucos episódios, mas acho uma história glamourosa demais, muito certinha e com convidados especiais de dar inveja, mas até a letra A, porque já houve coisa muito melhor. Rent - Os Boêmios foi um filme musical completamente ignorado. A série é a nova queridinha. Ainda bem que no drama acertaram em cheio com Boardwalk Empire e o prêmio de ator para Steve Buscemi.
O pior de tudo é o que o melhor da festa era o humor corrosivo do comediante inglês Ricky Gervais que chamou Bruce Willis de pai do Ashton Kutcher e criticou a própria imprensa estrangeira suscitando de forma bem-humorada que poderia ter recebido jabá dos estúdios. A julgar pelo resultado da premiação, acho que a piada foi certeira. Mas de uma hora para outra, Gervais sumiu e só apareciam celebridades para entregar prêmios. Será que houve mudança por causa da falta de papas na língua de Gervais.
Bom, mas houve prêmios merecidos, Natalie Portman por Cisne Negro, Katey Segal por Sons of Anarchy, Jim Parsons por Big Bang Theory, Al Pacino por You Don´t Know Jack e Anette Bening por Minhas Mães e Meu Pai, que venceu com justiça o prêmio de Melhor Filme - Musical ou Comédia. Enfim, um Globo de Ouro meio dirigido às classes que mais consomem Hollywood atualmente, os jovens, os nerds, fazer o quê, afinal, mesmo sendo da imprensa estrangeira, ainda é um prêmio de mercado.

Veja os vencedores do Globo de Ouro 2011:

Filme - drama
"A Rede Social"


Ator - drama
Colin Firth ("O Discurso do Rei")


Atriz - drama
Natalie Portman ("Cisne Negro")


Filme - comédia ou musical
"Minhas Mães e Meu Pai"


Ator - comédia ou musical
Paul Giamatti ("Minha Versão para o Amor")


Atriz - comédia ou musical
Annette Bening ("Minhas Mães e Meu Pai")


Ator coadjuvante
Christian Bale ("O Vencedor")


Atriz coadjuvante
Melissa Leo ("O Vencedor")


Direção
David Fincher ("A Rede Social")


Roteiro
"A Rede Social"


Filme estrangeiro
"Em um Mundo Melhor" (Dinamarca)


Animação
"Toy Story 3"


Trilha sonora
"A Rede Social"


Música original
"You Haven't Seen the Last of Me" ("Burlesque")


Cecil B. DeMille (homenagem)
Robert De Niro


TELEVISÃO

Série - comédia ou musical
"Glee"


Ator - comédia ou musical
Jim Parsons ("The Big Bang Theory")


Atriz - comédia ou musical
Laura Linney ("The Big C")


Série - drama
"Boardwalk Empire"


Ator - drama
Steve Buscemi ("Boardwalk Empire")


Atriz - drama
Katey Sagal ("Sons of Anarchy")


Ator coadjuvante
Chris Colfer ("Glee")


Atriz coadjuvante
Jane Lynch ("Glee")


Telefilme ou minissérie
"Carlos"


Ator em minissérie ou telefilme
Al Pacino ("You Don't Know Jack")


Atriz em minissérie ou telefilme
Claire Danes ("Temple Grandin")

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Por teu verão mais leve


Com o perdão do trocadilho, mas quero dirigir este post àqueles que não se permitem entreter com os exemplares mais leves da arte. Começou ontem o Porto Verão Alegre e me dirigi até o teatro Bruno Kiefer, da Casa de Cultura Mario Quintana para assistir ao espetáculo Solteiríssima, há 10 anos em cartaz. A história da encalhada Susana, com texto e atuação de Renata Peppl (foto), com destaque para a bichinha afetadíssima do Horácio, com José Alessandro, nos conduz ao riso fácil, diante de um problema bastante comum nos dias de hoje, o da solteirice. Mas não é sobre este espetáculo que quero falar. Quero falar da leveza, do riso e do entretenimento que nos propõe eventos como o Porto Verão Alegre.
Conheço muita gente que faz ou pensa teatro e a maioria deles não se permite ir ver comédia. São todos muito técnicos, apontam defeitos de interpretação, figurino, cenário, luz e outras incogruências. Tá mas e daí. Eu não vou ao teatro somente para refletir. No cinema, meus cineastas autorais preferidos são pesados Wim Wenders, Giuseppe Tornatore, Alexsandr Sokurov, Andrej Tarkovski, Stanley Kubrick e mais recentemente Christopher Nolan. Mas nem é por isso que vou deixar de ver alguma comédia com o Ben Stiller ou Steve Carrell ou um filme de ação com Bruce Willis ou Denzel Washington. Quero também me entreter.
A leveza também pode ser insustentável, segundo Italo Calvino em Seis Propostas para o Próximo Milênio (este atual): "O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável". Levando em consideração a afirmação de Calvino podemos então assistir aos espetáculos do Porto Verão Alegre, alguns em cartaz há décadas como Pois É Vizinha, Homens de Perto, Como Emagrecer Fazendo Sexo, Inimigas Íntimas e Adolescer, mas também refletir um pouco em textos mais elaborados como A Comédia dos Erros (Shakespeare) e A Lição (Ionesco).
O importante sempre será o equilíbrio entre o peso e a leveza, pois a angústia, o existencialismo e a melancolia existem e não podem ser negadas, bem como o absurdo e o azar, mas existem antídotos como o riso, o pensamento positivo e inclusive a euforia. Por isso até 16 de fevereiro, seria importante que você consultasse a sua agenda e reservasse um pouco de espaço para o riso, sem compromisso, sem tensão, sem pensar demais. Outras informações você encontra no www.portoveraoalegre.com.br.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Nem o bem nem o mal


O cinema argentino cada vez mais me surpreende. Reconhecido um pouco tardiamente, mas com muitíssima justiça no Oscar 2010 por O Segredo dos Seus Olhos, Juan José Campanella é um grande expoente de uma cinematografia que tem Fernando Solanas, Daniel Burman e Pablo Trapero (de A Família Rodante e Leonera). É deste diretor que quero falar agora. Candidato a filme do ano em 2011 a produção de 2010, Abutres (Carancho) é uma surpresa interessante, um obra de grande fôlego narrativo que questiona novamente a podridão do sistema, no caso das indenizações dos seguros de acidentes de trânsito, o DPVAT deles. Pode ser até considerado uma espécie de Tropa de Elite portenho, sem tantos tiros, mas com alguma violência.
Na história, Hector Sosa (mais uma exuberante interpretação de Ricardo Darín) é o que chamam de "urubu", um advogado especializado em acidentes de trânsito, daqueles que colam nas vítimas ou familiares deles e se oferecem para representá-los em indenizações do governo, mas que ficam com a maior parte do dinheiro. Na verdade, a grana não fica com ele, mas sim com o urubu-chefe Casal, o personagem do também excelente José Luis Arias. Na Argentina, são mais de 8 mil pessoas que morrem em acidentes por ano, este é o texto inicial do filme.

Nas rondas de Sosa, ele acaba se deparando com a paramédica Luján (Martina Gusman). Como toda a narrativa que se preze, o romance ocorre entre os dois. Seria improvável, mas acaba polarizando a história, pois Luján segue a ética médica e Sosa, por servir aos gaviões da máfia dos seguros, acaba por fraudar acidentes, até o momento em que ele perde um amigo quando forja um atropelamento. Um dos diálogos entre os dois protagonistas define o dilema: "Não sei mais o que fazer", diz Sosa e Luján responde: "Não sabe mais o que fazer. Você já é grande para saber o que tem que fazer".

Sosa decide se aposentar, mas novamente como qualquer narrativa hollywoodiana, quando uma pessoa tenta se aposentar ela vai se afundando cada vez mais no lodo. Até o hospital onde Luján trabalha e os policiais comem na mão do escritório de Casal. A Sosa só resta um plano, uma virada, um clímax e anti-clímax dos manuais de roteiro de Syd Field estão postos. Aí a montagem de Trapero e Ezequiel Borovinsky se destaca, alguns efeitos visuais e a trama nos arrebata e é claro que o final é surpreendente. Destaques para as cenas de extremos realismo do hospital onde Luján trabalha, para a boa maquiagem das inúmeras vezes que Sosa apanha, para os efeitos visuais, para um plano-sequência bem engendrado, enfim para uma narrativa exemplar na régia de Trapero. Recomendo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ronaldynho Winehouse



As semelhanças não parecem muitas numa primeira passada de olhos, mas não como não tentar lincar os dois assuntos do momento no Brasil, no esporte e na música. Ronaldynho (grafo com Y exatamente para já tentar lincá-lo com Amy Winehouse) Gaúcho é um excepcional jogador de futebol ou pelo menos foi no início do século. Amy Winehouse é uma cantora pop inglesa, considerada a voz da vez, apesar da atitude drogadita, capaz de timbres que suscitam a grandeza de uma soul woman como Aretha Franklin.
Os dois estão em evidência neste janeiro brasilis. Os dois são gênios no que fazem: futebol e música. Usam seus instrumentos, pés e voz, como ninguém. Ronaldinho é incapaz de ter voz ativa no comando da carreira, deixando para o mano Assis a responsabilidade e também um maior lucro numa negociação com Grêmio, Flamengo e Palmeiras. Gosta de noite, Amy também. Bebe, Amy também. Na droga, só dá Amy. Escândalos, agressão, vomitar em plena rua é coisa de roqueiro, sinais de bebedeira em entrevistas. Coisas de astro pop e neste ponto Amy novamente se supera, enquanto que Ronaldinho se atrasa num treino ou faz um filho aqui e ali, tem problemas extra-campo também comuns ao futebol.
Os shows dos dois estão sendo realizados neste janeiro. Amy deve cantar em Florianópolis neste sábado. Ronaldinho está no Rio e pode ir vê-la na segunda-feira. Amy enlouqueceu e proibiu que fotógrafos registrassem o show de hoje. Louca, mas louca de especial como se diz aqui no Sul. Que ela se autodestrua e reabilite em uma clínica(Rehab) e mesmo assim seja "mais forte do que eu" (Stronger than Me). Ronaldinho é personagem de novela, causa mais interesse do que Passione, de Sílvio de Abreu. Duas perguntas: Quem matou Saulo Gouveia? Quem vai contratar Ronaldinho? A segunda causa mais apreensão, expectativa, ansiedade, tumulto.
O certo é que o case Ronaldynho Winehouse comprova que temos cada vez menos coisas sérias na mídia (que papo chato, diriam alguns, mas é necessário). Eu quero ver Ronaldinho jogando futebol e quero ver e ouvir Amy cantando. O resto é resto ou o resto é silêncio, como diria Shakespeare ao final do seu "Hamlet".

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Desafios homéricos de Assis


Quem foi Homero? Esta pergunta deve ter existido desde os gregos que como sempre se diz, depois deles nada de novo foi criado somente aperfeiçoado. Mas não é sobre Homero que quero falar. Parto da indagação de quem ele foi, se realmente um poeta grego ou simplesmente a compilação de cantos helênicos dos século XX a VII a.C. Isto nada importa diante da significação da palavra homérico para designar desafios ou tarefas não muito gratas, mas instigantes.
Todo esta colocação preambular se refere aos desafios dos homens e mulheres que assumiram a Cultura no Estado do Rio Grande do Sul. A começar pelo secretário Luiz Antonio de Assis Brasil. Metódico, erudito, eclético, um homem que é mestre, que ensina com maestria, que tem no legado de suas oficinas literárias nomes como Cintia Moscovich, Michel Laub, Daniel Galera, Amilcar Bettega, Caio Riter. Ao assumir a pasta da Cultura, Assis Brasil tenta retomar o diálogo com a classe cultural, que ficou um pouco obtuso e truncado na gestão que o antecedeu. Assim como a hipótese de que Homero seria um compilação do que de melhor a poesia grega possuía naquela época, o escritor e professor gaúcho pode marcar a sua gestão por ouvir e construir com maestria uma política cultural marcante, dando tônus às ações e principalmente aos órgãos dentro da Secretaria (Sedac)
Em uma série de entrevistas que estão sendo publicadas no Correio do Povo, os novos diretores de órgãos e extensões da pasta são categóricos em dizer que tentaram dar a cara e identificação da comunidade com as ações culturais propostas por seus organismos. Marcos Barreto, da Casa de Cultura Mario Quintana, afirma exatamente isto. Ele quer que a Casa respire arte, que não seja só um ponto turístico. No Instituto Estadual do Livro (IEL), o novo diretor Ricardo Silvestrin, pretende retomar com força os bons projetos, um pouco esquecidos nos últimos anos, como Plano de Edições, caderno Autores Gaúchos e Autor Presente, inclusive aumentando os cachês dos escritores participantes e também trabalhar bastante o virtual com digitalização de acervo e modernização do site.
O novo diretor do Margs, Gaudêncio Fidelis, propõe a modernização da gestão, com a presença de um curador profssional e contínuo, o direcionamento para que o Museu gere suas próprias exposições e aproveitamento da diversidade cultural gaúcha para as mostras. Outros diretores como Tiago Flores (artístico da Ospa), portador de uma visão renovadora da relação da música erudita com o público; Marcelo Réstori, no Instituto Estadual de Artes Cênicas, bastante afeito às vanguardas e integração entre a classe; e outras tantas lideranças que podem dar uma cara e uma identidade para a cultura gaúcha e principalmente da relação dos artistas com a sua própria arte e com o público.
Nesta tarefa, Assis Brasil, terá o auxílio luxuoso do seu adjunto, Jéferson Assumção, que, a despeito de ser meu amigo pessoal, tem uma visão bastante clara de como fazer um política cultural abrangente, mostradas enquanto esteve nas instâncias do Ministério da Cultura, entre as quais o Programa Nacional do Livro e Leitura e nos últimos dois anos à frente da Secretaria de Cultura de Canoas, com ações como a Caravana Cultural e o Biblioparque.
Que Assis Brasil e a sua equipe mostrem a sua força, tal qual a de Aquiles, sem ligar para os detratores, que com certeza estarão nos seus calcanhares.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Muitos dribles e poucos títulos


Caso saia alguma decisão ainda hoje sobre o destino do Ronaldinho Gaúcho, já digo de antemão aos torcedores do clube para onde ele for: ele será um jogador show, com muitos dribles, passes de letra, mas poucos títulos, talvez um campeonato estadual. Digo isso com a convicção de quem já esteve muito tempo na crônica esportiva, mesmo sem acompanhar o dia a dia dos grandes clubes. O histórico atual de Ronaldinho, dos últimos quatro anos, é de irregularidade, muitas noitadas e alguns lampejos de genialidade. No Milan, marcou 26 gols e não conquistou um título sequer. Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro sonham com o futebol de Ronaldinho antes da Copa do Mundo de 2006, do cara que foi multicampeão pelo Barcelona e campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 2002. Esqueçam. No Grêmio, Ronaldinho tem a identificação e o apoio da torcida, que não digeriu aquela saída pela porta dos fundos para o Paris Saint-Germain. Flamengo e Palmeiras são incógnitas, mesmo com Ronaldinho Gaúcho. O Flamengo é capaz de ser campeão em um ano e candidato ao rebaixamento em outro, fazendo o caminho inverso do Fluminense de 2009 para 2010. O Palmeiras contratou Felipão, achando que seria a solução para o clube, mas o técnico não consegue comandar a diretoria, as divisões internas que reinam há vários anos no Parque Antártica. Os dois que não têm um planejamento de São Paulo, Inter e Corinthians, atualmente os clubes mais bem estruturados e planejados da Série A do Brasileirão.
Bom, torço para que Ronaldinho volte a jogar bem, tenha lampejos, pois o futebol brasileiro agradeceria, mas não esperem títulos de grande expressão, de um atleta que joga moleque, para a torcida, para si mesmo, mas não funciona tão bem no coletivo e atualmente não é fadado a grandes conquistas. Boa sorte aos dirigentes de Grêmio, Flamengo e Palmeiras e torçam para que o Assis não esteja negociando com outros clubes por baixo dos panos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Além de Clint Eastwood


Clint Eastwood conseguiu ir além de todas as expectativas que se tinha sobre ele quando ainda era ator e empunhava a sua Magnum 44 como Dirty Harry. Desde que dirigiu o oscarizado western dramático "Os Imperdoáveis", de 1992, o ator e diretor vem surpreendendo com visões bastante líricas e claras sobre o fazer cinematográfico. Após filmes como "Gran Torino", "A Troca" e "Invictus", Eastwood traz às telas uma obra que investiga a mortalidade a partir de experiência de quase morte e conexões com a outra vida.
Se fosse um filme como "Nosso Lar" ou outros blockbusters inspirado na doutrina, logo se duvidaria da eficiência e da seriedade da obra, mas este "Além da Vida" ("Hereafter") de Eastwood até que é bem crível ao contar três histórias desconexas entre si, aparentemente, mas que vão ter uma conexão futura. A repórter investigativa e âncora de tevê francesa Marie Lelay (Cécile de France) sobrevive a um tsunami, mas tem uma experiência de quase morte e enxerga a luz e movimentos nos minutos em que está passando para o outro lado. O médium George Lonegan (Matt Damon) não quer utilizar o seu dom da vidência e da conexão com os mortos e por isso trabalha como operário no Porto de San Francisco. O garoto londrino Marcus (George MacLaren) perde o irmão-gêmeo Jason (Frankie MacLaren) e não consegue viver sem ele.
As três histórias acabam se cruzando e a magia do que está além da vida acaba criando tênues laços entre estes protagonistas. Eastwood consegue o alto dom de lirismo e de factualidade ao mostrar a virada na vida da jornalista, que acaba investigando o que há além da vida para um livro, a mudança na vida do vidente, que foge daqueles que querem se comunicar com os mortos, mas vai atrás do sonho de conhecer a Londres de Charles Dickens, e do menino que persiste na busca por um contato com o irmão-gêmeo e por ajudar a sua mãe, que está numa clínica de recuperação.
Mais uma vez, uma obra de grande sensibilidade de Clint Eastwood, que está pensando além, e tentanto tratar de um tema tabu no cinema de arte mundial. Acho que conseguiu dar a seriedade necessária ao filme e lirismo e a estética sempre peculiar de um diretor que já virou há muito sinônimo de autoralidade no cinema americano.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Abre Almas


Sou um jornalista cultural, gosto muito de música, principalmente instrumental e aí paro a refletir agora, ouvindo no My Space a música Chamamonk, de Geraldo Flach. Eu troquei uma ou duas palavras com o Flach, que nos deixou hoje à tarde. No entanto, ele falou muitas frases para mim, mas muitas mesmo. Os acordes que emanaram do seu piano sempre me inspiraram, nem que fosse num simples dia de chuva a ouvir a Rancheirinha ou então a sentir, como ouvinte mesmo, a suavidade das composições de Flach. Foram tantas e tamanhas as músicas que me assombraram no melhor sentido da musicalidade. O Brasil tem tantos pianistas bons. Ivan Lins, Rique Pantoja, o melhor deles, o já falecido Tom Jobim, mas o Geraldo Flach vai fazer uma falta sem tamanho. Pior que hoje com a missão de repórter cultural do Correio do Povo, de apurar informações sobre a morte de Flach a emoção foi ainda maior. Agradeço a Flach pela sua música. Arthur de Faria, Bebeto Alves e outros tantos deram os seus depoimentos sobre esta perda irreparável. O nome de uma música de Flach serve para dizer o que ele faz com a gente a cada música sua ou interpretada por ele ao piano: Abre Almas. Vai com Deus, Flach, vai abrir almas para a música, para o seu piano bar, para as suas teclas líricas e inesquecíveis.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Frescobol


Não pode ser considerado esporte, pois é um tênis sem grife e nem muito esforço, mas o frescobol, apesar do que alguns mais desavisados possam dizer - que poderia ser esporte de fresco -, pode determinar como andam as relações de amizade, amor ou assemelhados. Observando esta intrigante prática esportiva, pode se dizer de cara que a troca de bolas no frescobol pode determinar como está o termômetro de um casal. Observei este dias numa praia de Florianópolis um casal que trocava bolas infinitamente. Bola sem peso, sem força, o cara dá uma maneirada na raquete, a mulher não põe a sua instabilidade emocional ou a preocupação com os filhos, todos eles circulando com as suas boias ou baldinhos de areia e água. Enfim, é um esporte ad infinitum, dos que não acabam nunca, parecendo neste ponto com o seu primo rico, o tênis, no qual os ralis entre os grandes tenistas, tipo Nadal, Federer, Roddick, Serena, Venus etc, são intermináveis.
Bom, mas não é só isso, o frescobol pode determinar como está a raiva do casal, dos amigos, aquele cara que sacaneia a amiga dando uma bola baixa fortíssima, quando ela vai pegar e acaba batendo numa outra pessoa, o dia pode desmoronar. Castelos de areia são as emoções numa temporada de praia. Quatro estações emocionais podem ser notadas num dia entre um casal. Vão por mim, que já passei dos 40 e já vi muita coisa.
Então, na hora de pegar raquetes e bolinha de frescobol, pensem bem, se vocês querem um jogo intenso, ir buscar a bolinha longe ou então trocar bolas de forma interminável. O frescobol é como a vida. A vida não é esporte. É séria. Então, raquetada na instabilidade emocional e troquem bolas longamente neste 2011 ou não, como diria Caetano Veloso.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Esperança


Estou em Santa Catarina, na praia de Canasvieiras, e por isso não estou acompanhando tão de perto as posses dos governadores e da presidente eleita Dilma Rousseff. Sei que a chuva atrapalhou um pouco o contato de Dilma com os populares, sei que ela proferiu um discurso em que exaltou o embate civilizado de ideias e disse que não carrega ressentimento ou rancor ao assumir o cargo mais importante do país. Esperamos que neste 2011, Dilma possa manter a economia brasileira estável, ao contrário de tantas e atribuladas economias da Europa, como Itália, Espanha e Portugal e que também a nova presidente possa continuar o trabalho iniciado por Lula de dar um pouco mais de poder econômico e de dignidade para as camadas mais baixas da sociedade. O ano começa com esperança. E contra essa, a esperança, ninguém pode, porque ela se aloja na nossa alma e tenta de todas as formas nos impulsionar para o infinito ou para algo que está perto e que às vezes não conseguimos visualizar. Eu tenho planos, quero escrever um novo livro (já tenho quatro inacabados), quero viajar mais e mais (Itália deve ser o próximo destino) e quero que todos os brasileiros tenham esperança. Sigamos assim e um ótimo ano de 2011 a todos.

Foto de Ueslei Marcelino, da Reuters