domingo, 17 de junho de 2012

CARMENÊUTICA (em redondilha maior)

Um poema em redondilha maior (versos de sete sílabas ou heptassílabos) criados para a disciplina de Poesia  do curso de Especialização em Literatura Brasileira - Escrita Criativa da Ufrgs. 






E este verbo se fez CARMEN
Habituou-se entre nós
Das profundezas, foi pélvico
Me encheu de fluídos ateus

Carmen, com uma carne ácida
Cheia de cartesianismo
Translúcida e imprópria
Mesmo aos menores desejos

Uva maturada aos pés
Vinho tácito e jocoso
Submissa e intrometida
Ávida, mas inconstante

Não sei definir o carmim
Que adorna a boca de Carmen
Que se armem os meus gritos
Que se espantem os arbítrios

Exaspero cedo demais
Separações mais me eriçam
Eu amei Carmen e este amor
Parece que nunca SAURA

Como a cigana daquela ópera
Sevilhana, doce e sedutora
Aquela porto-alegrense
Me tirou a raiz dos pés

Quem disse que cedi um milímetro
Não há nenhum MERIMEÉrito
Nesta minha teimosia trôpega
Sufraguei em vale de lágrimas

Vaguei, tateando entre sombras
Sempre em busca de outra musa
Carmentira, Carmenarquia
Sangue andaluz em terra açoriana

Morreu a música de BIZET
Acabou a esperança bizantina
Sofri calado, amei injuriado
Nunca fui e nunca serei

Hodiernamente, POEtizo
O drama operístico, sem sal
meio sem sono, sem sonetos
Vivo explanando em quadrinhas

Reminiscente, em esquinas
Um bardo inconsciente e cego
Os amores vêm e vão, espiral
Espero que voltem um dia