terça-feira, 18 de junho de 2013

Fiel como um cão aos fãs


Na noite em que as vozes se levantaram por todo o Brasil para protestar contra aumento das passagens Copa das Confederações e outros desmandos, uma das principais vozes do grunge de Seattle, Chris Cornell, que foi vocalista de bandas como Soundgarden, Audioslave e do projeto Temple of the Dog, fez um show acústico que parecia mais um "Peça e Ofereça", da Caiçara, tamanha a escuta do músico de Seattle aos seus fãs que lotaram a plateia do Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, na noite desta segunda-feira, deixando espaços no mezzanino e nas galerias. Foram 22 músicas durante 1h50min na agitada noite desta segunda-feira, dia 17 de junho de 2013. 

Na terceira apresentação deste seu show acústico, Chris Cornell, entrou no palco com 35 minutos de atraso (21h35min) com seus violões e a sua voz vibrante para atender a pedidos de fãs e contar algumas histórias interessantes da sua carreira de quase 30 anos de estrada. O músico iniciou a apresentação com três músicas da carreira solo: "Scar on the Sky", "As Hope and Promise Fade" e "Ground Zero", esta última pelo nome dedicada ao Marco Zero no local onde foram derrubadas as Torres Gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001. 

Após tocar a música em homenagem ao amigo Andrew Wood, da banda Mother Love of Bone, morto por overdose de heroína em 1990, chamada "Say Hello to Heaven", Cornell usou o seu bom humor para explicar que a música "Finally Forever", do disco solo "Carry On" foi escrita para o seu próprio casamento e depois foi utilizada em um comercial de basquete da NBA, o que foi estranho para ele. 



No estilo "Peça e Ofereça", quando estava dedilhando os acordes de uma outra música, ao pedido de "Call me a Dog", do Temple of the Dog, feito por uma fã, mudou o tom e cantou a música pedida, fiel como um cão aos seus fãs. Assim tocou outras canções das três bandas pelas quais passou, como "Hunger Strike", "Seasons", "I Am the Highway", "Fell on Black Days", "Doesn´t Remind Me", "Be Yourself" e "Wide Awake", esta com aquela guturalidade e alcance rasgado que Cornell, Eddie Vedder e Kurt Cobain nos legaram. 

Na hora de um dos pedidos, diante de tantas vozes, o homem do norte dos Estados Unidos fez uma homenagem ao Sul. "Eu ouvi Hotel Califórnia" e tocou a música dos Eagles numa versão lânguida e pungente, num dos poucos covers da noite, pois quando alguém gritou "Billie Jean", de Michael Jackson, a reação foi mais negativa do que positiva. O show foi encerrado com "Blow Up the Outside World", cheia de efeitos, distorções e ecos, deixando o palco vazio para quase cinco minutos de aplausos esperançosos pela volta de Cornell. Mais um daqueles shows que os fãs não acreditam estar perto do seu ídolo pela primeira vez. 

Fotos: Luiz Gonzaga Lopes