terça-feira, 8 de março de 2011

Velho Mundo inchado


A Europa é o destino da maioria dos refugiados de guerras civis e militares da África e da Ásia e também dos cidadãos destes mesmos continentes e dos latino-americanos em busca de salários em euros, apesar de serem em sub-empregos.
O Velho Mundo inchou. Ainda ontem, vi uma notícia de que mais de 6 mil líbios já chegaram à Itália, boa parte deles chegados à ilha de Lampedusa por meio de barcos, a embarcação preferida dos cubanos que chegam à Flórida. Atualmente, os cubanos têm deixados menos à ilha de Fidel, pois uma pequena abertura política está se verificando no regime cubano.
Como diz a música "Immigrant Song", do Led Zeppelin: "On we sweep / Wish treshing oar / Our only goal / will be the westernshore", algo como "Avante nós vamos / Com remos surrando / Nosso único objetivo / Será a costa oeste". Substituindo a costa oeste pela costa sul, os remos e motores estão sendo surrados. Estive em alguns lugares da Europa. A imigração interna do Mercado Comum Europeu é a que mais assusta. Romenos e búlgaros na França já foram objeto de lei de deportação por parte do presidente Nicolas Sarkozy. Em Sofia, os cidadãos búlgaros não querem os seus ciganos de volta. Em Paris, na Nôtre Dame ou Saint Chapelle, os romenos chegam junto mesmo com dizeres em um pedaço de papelão em inglês: pedindo ajuda, esmola mesmo. A situação é difícil.
Os países escandinavos que até o início deste século aceitavam todo e qualquer refugiado já mudaram o jogo. Estive na Finlândia em 2002 e lá a maior parte dos refugiados era vietnamita ou albanês. A Dinamarca já fechou suas portas. Portugal sofre com o inchaço a partir de filhos das suas colônias. Angolanos e moçambicanos lotam as Praças da Figueira e do Rossio, fazendo pequenos negócios, entre os quais o cãmbio de moeda é o principal. Na Espanha, os imigrantes africanos trabalham com produtos piratas. O filme "Biutiful", de Alejandro González Iñirratu, com Javier Bardem, mostra bem esta realidade em Barcelona, mas em Madri a presença destes grupos é enorme. Isto que não falei de Londres, onde os imigrantes são os tradicionais indianos e paquistaneses, mas todos os povos acorrem à grande metrópole da Europa.
Pois bem, o que fazer para conter este inchaço. As leis anti-imigração são cada vez mais abrangentes, mas não há como controlar. A sensação que se tem na Europa, mesmo quando se é turista é que se está em um barril de pólvora, no qual qualquer movimento vai detonar uma bomba ou manifestações hostis, enfrentamentos da população com o aparelho repressor do Estado. Esta é uma constatação que todos têm na Europa. Alguns fazem vistas grossas, outros se preocupam, mas nada podem fazer. O que eu posso fazer, nada também. Talvez, no futuro, escrever algo ou desenvolver uma tese em um mestrado ou doutorado em Comunicação ou outra ciência humana sobre o tema. Assim vivemos, administrando os barris de pólvora em mundos inchados, superpopulosos.